17 DE MAIO – DIA MUNDIAL DE COMBATE A HOMOFOBIA
Nessa quinta-feira, 17 de maio, é celebrado o
Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia. A data faz referência ao dia em que a
Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1990, retirou o termo “homossexualismo”
da classificação de doenças ou problemas relacionados à saúde.
Para conscientizar as entidades sindicais, que
defendem os direitos de trabalhadores como um todo, mas que cada vez mais tem
atentado para as especificidades individuais desses, a ISP – Internacional dos
Serviços Públicos, debruçasse sobre a necessidade de combater o preconceito
contra a comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais,
Transgêneros e Interssexos). Segundo a Rede Trans e o Grupo Gay da Bahia, só
nos primeiros quatro primeiros meses do ano de 2017, 53 transgêneros foram
mortos no Brasil – um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Transgêneros
são as pessoas que se identificam com o sexo oposto ao atribuído no nascimento.
Afirmam, ainda, que de todos os casos de homofobia letal ocorridos no mundo,
44% destes, ocorrem no Brasil.
Os dados jogam luz sobre a intolerância contra a
comunidade LGBTI no país. Segundo o Grupo Gay da Bahia, no ano de 2017 foram
registrados 343 assassinatos de gays, travestis e lésbicas, vítimas de
agressões físicas. Isso significa que a cada 25 horas uma pessoa com uma dessas
orientações sexuais é morta. É o maior índice desde que o grupo começou a fazer
este levantamento, em 1979. A organização também aponta que o Brasil
é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo.
A homofobia no Mundo
A homofobia é a
repulsa ou aversão aos homossexuais. O preconceito em
muitas sociedades impedem que gays possam exercer livremente a sua
cidadania ou viver em segurança. Alvo de discriminação, são constantemente
ameaçados com insultos ou agressões físicas que muitas vezes levam à morte.
O pior acontece quando o preconceito se torna
uma política de Estado. Em pleno século XXI, a prática homossexual é
considerada crime em mais de 70 países. Em oito deles, a punição para quem se
relaciona com alguém do mesmo sexo é a morte: Mauritânia, Nigéria, Sudão,
Iêmen, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Paquistão e Afeganistão. Veja
mais neste mapa da Associação Internacional de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA).
Casamento Igualitário
A luta contra o preconceito à comunidade LGBTI –
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e Interssexos
– diz respeito não apenas à violência, mas também à reivindicação por igualdade
de direitos.
Uma das conquistas mais importantes neste
sentido é o avanço da legalização da união civil entre pessoas do mesmo sexo
pelo mundo. Ainda são poucos os países que permitem o casamento Igualitário
(gay) – veja mais neste mapa. Mas, gradualmente, mais nações começam a
reconhecer aos casais gays os mesmos direitos que os casais heterossexuais.
Vale ressaltar que o direito ao casamento
igualitário (gay) não diz respeito somente ao aspecto afetivo da união, mas,
principalmente, às garantias legais conquistadas. No Brasil, o casamento
gay foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio de 2011. Com
isso, as pessoas do mesmo sexo podem desfrutar dos mesmos direitos e garantias
que eram exclusivos dos casais heterossexuais, como a comunhão de bens, pensões
e aposentadorias e a possibilidade de compartilhar uma adoção. Por dentro
do assunto: Veja como a homofobia tem sido
tratada pelo Congresso brasileiro | Guia do Estudante.
Em junho de 2015, a Suprema Corte dos
EUA legalizou o casamento gay em todos os 50 estados do país, considerando
a união civil homoafetiva um direito garantido pela Constituição. A decisão foi
uma importante conquista para a igualdade de direitos em todo o mundo, pois,
como maior potência mundial, os EUA têm grande capacidade de influenciar
comportamentos e cultura em outros países.
A Homofobia no Mundo do Trabalho
E no mundo do trabalho a situação continua emblemática, 90%
das travestis brasileiras estão fora do mercado de trabalho formal, de acordo
com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).
A primeira necessidade do LGBTI trabalhador, portanto, é a
de sobreviver. Caso consiga superar a idade média de 35 anos atribuída a população
de travestis e trans, a segunda necessidade básica é a de acessar o mercado de
trabalho formal. Quando o LGBT passa a se tornar trabalhador formal, um outro
conjunto de discriminações tem início. A pressão para que o LGBTI não assuma
sua identidade de gênero e/ou orientação sexual no local de trabalho, os riscos
de “sair do armário”, a violência, a perseguição, o assédio moral, a falta de
oportunidade em ser valorizado e o desrespeito são apenas alguns exemplos.
O caso, internacionalmente repercutido, do gerente bancário
brasileiro, demitido de um banco privado no ano de 2017, por compartilhar no
seu perfil do Facebook um vídeo com o seu namorado e a atuação imediata do deu
sindicato, neste contexto, ilustram com exatidão a importância e o timing político
que a questão LGBTI suscita. Além disso, no Brasil, trata-se de uma população
que vem sido crescentemente perseguida por políticos que buscam emplacar uma
agenda conservadora por meio de alianças espúrias que convergem em ideais
reacionários de sociedade. As conquistas garantidas a esta população, se já não
são muitas, estão em risco de serem retiradas por completo atualmente.
Nesse sentido, há uma necessidade urgente de que as
entidades sindicais chamem para si a responsabilidade de defender intransigentemente
os/as trabalhadores LGBTI de suas bases.
A ISP Brasil está desenvolvendo entre os anos de 2018 a
2020, em parceria com a DGB da Alemanha, um Projeto que se intitula:
Fortalecendo Sindicatos na américa Latina – Combatendo a Desigualdade. Há esperanças
alvissareiras que as entidades filiadas a ISP abracem esse ´projeto, deem
condições para que os representantes de suas entidades junto a ISP para
desenvolvimento do mesmo, possam, ao final de 2020, apresentar um quadro onde
essas desigualdades, pelo menos no serviço público, tenham sido minimizadas.
ASPECSOTS POLITICOS QUE ALAVANCARAM A AGENDA LGBTI no
Brasil, situação atual e futuro sombrio.
Não há como não tomar o período dos governos Lula e Dilma
como parâmetros para a Promoção dos Direitos LGBTI no Brasil. Não reconhecer
isso é ignorar a história desse segmento.
2003 - Elevação da Secretaria de
Direitos Humanos à categoria de ministério
A medida aumentou os seus recursos, autonomia e poder de transformação social.
A medida aumentou os seus recursos, autonomia e poder de transformação social.
2004 - Criação do programa “Brasil sem Homofobia” O programa foi
desenvolvido com o objetivo de promover a cidadania e os Direitos Humanos à
população LGBT a partir de equiparação de direitos e do combate à violência e à discriminação.
2005 - Fortalecimento do Conselho Nacional de Combate à
Discriminação e Promoção dos Direitos LGBTI
A sua estrutura foi modificada e passou a contar, obrigatoriamente, com a participação de membros da população LGBTI.
A sua estrutura foi modificada e passou a contar, obrigatoriamente, com a participação de membros da população LGBTI.
2006 - Sanção da Lei Maria da Penha
Entre muitas medidas, a lei federal passou a prever expressamente a união homoafetiva feminina.
Entre muitas medidas, a lei federal passou a prever expressamente a união homoafetiva feminina.
2008 - Realização da 1ª Conferência Nacional de Políticas Públicas
e Direitos Humanos LGBTI
Considerada um marco histórico, a conferência convocada por decreto presidencial foi a primeira a ouvir, em âmbito nacional, as demandas da população LGBTI. O encontro mobilizou governos estaduais, Ministério Público, representantes dos poderes legislativo e judiciário e a sociedade civil organizada.
Considerada um marco histórico, a conferência convocada por decreto presidencial foi a primeira a ouvir, em âmbito nacional, as demandas da população LGBTI. O encontro mobilizou governos estaduais, Ministério Público, representantes dos poderes legislativo e judiciário e a sociedade civil organizada.
2009 - Criação da Coordenação Geral de Promoção dos Direitos de
LGBTI
Subordinada à Secretaria de Direitos Humanos, é responsável por articular ações com os demais ministérios e órgãos do Governo Federal.
Subordinada à Secretaria de Direitos Humanos, é responsável por articular ações com os demais ministérios e órgãos do Governo Federal.
2010 - Criação do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e
Direitos Humanos LGBTI.
O Plano Nacional inseriu diversas ações de valorização LGBTI, seja por renda, escolarização, educação, acesso à saúde, identidade de gênero e prevenção à violência homofóbica.
O Plano Nacional inseriu diversas ações de valorização LGBTI, seja por renda, escolarização, educação, acesso à saúde, identidade de gênero e prevenção à violência homofóbica.
Extensão de direito de declaração
conjunta para casais homoafetivos pelo Ministério da Fazenda
Medida é válida, inclusive, para fins de Imposto de Renda.
Medida é válida, inclusive, para fins de Imposto de Renda.
2011 - Criação do módulo LGBTI no Disque 100
A intenção foi preparar o Disque Direitos Humanos para receber denúncias de violações de direitos da população LGBTI.
A intenção foi preparar o Disque Direitos Humanos para receber denúncias de violações de direitos da população LGBTI.
Elaboração do 1º Relatório sobre
Violência Homofóbica no Brasil
Após a publicação do relatório pela Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, as denúncias contra violência homofóbica aumentaram em 116% em um ano.
Após a publicação do relatório pela Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, as denúncias contra violência homofóbica aumentaram em 116% em um ano.
Realização da 2ª Conferência
Nacional de Políticas Públicas e Direitos Humanos LGBT
Nos moldes da conferência realizada em 2008, discutiu-se nacionalmente e com diversas entidades governamentais e da sociedade civil os avanços políticos e sociais sobre o tema.
Nos moldes da conferência realizada em 2008, discutiu-se nacionalmente e com diversas entidades governamentais e da sociedade civil os avanços políticos e sociais sobre o tema.
2013 - Alterações no SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a contemplar o atendimento completo para travestis, transexuais e transgêneros, como terapia hormonal e cirurgias. A identidade de gênero passou também a ser respeitada, com a inclusão do nome social no cartão do SUS.
O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a contemplar o atendimento completo para travestis, transexuais e transgêneros, como terapia hormonal e cirurgias. A identidade de gênero passou também a ser respeitada, com a inclusão do nome social no cartão do SUS.
Reconhecimento dos direitos de
casais de mesmo sexo no serviço público federal
Os casais homoafetivos passaram a ter, oficialmente, os mesmos direitos de qualquer casal, como plano de saúde, licença gala, entre outros.
Os casais homoafetivos passaram a ter, oficialmente, os mesmos direitos de qualquer casal, como plano de saúde, licença gala, entre outros.
Assinatura do governo brasileiro à
Convenção contra Todas as Formas de Discriminação e Intolerância da Organização
dos Estados Americanos
O texto, assinado em Antígua (Guatemala), define as obrigações dos países sobre temas como orientação sexual e identidade de gênero.
O texto, assinado em Antígua (Guatemala), define as obrigações dos países sobre temas como orientação sexual e identidade de gênero.
Criação do Sistema Nacional de
Promoção de Direitos e Enfrentamento à Violência contra LGBTI
O Sistema Nacional LGBTI é uma estrutura articulada para incentivar a criação de programas de valorização dessa parte da população, comitês de enfrentamento à discriminação e combate à violência, além de oferecer apoio psicológico e jurídico para LGBTI nessa situação.
O Sistema Nacional LGBTI é uma estrutura articulada para incentivar a criação de programas de valorização dessa parte da população, comitês de enfrentamento à discriminação e combate à violência, além de oferecer apoio psicológico e jurídico para LGBTI nessa situação.
2014 – Sancionada a Lei 12.984 que
criminaliza o preconceito e discriminação a pessoas vivendo com HIV/AIDS,
ressaltando-se que a população LGBTI está exposta a uma prevalência de 13% ao
vírus da AIDS, enquanto que o resto da população a apenas 0,6%.
2015 - Posse de Symmy Larrat como coordenadora-geral de Promoção dos Direitos
LGBTI da SDH
A paraense é a primeira travesti a ocupar o cargo. Segundo ela, uma das missões mais importantes na função é são “tirar os travestis do submundo e da exclusão social”.
A paraense é a primeira travesti a ocupar o cargo. Segundo ela, uma das missões mais importantes na função é são “tirar os travestis do submundo e da exclusão social”.
Após a tentativa de Golpe de
Estado, observada no Brasil a partir da derrubada da presidenta Dilma Rousseff,
a agenda LGBTI tem ficado praticamente parada.
A estagnação tem sido dos males, o
menor, em face do avanço de discursos de retrocesso dentro do parlamento
brasileiro e no senado.
A possibilidade da retomada do
país pela extrema direita tem sido uma das maiores preocupações para as
lideranças que lidam com a temática LGBTI, não apenas pelo fato de que as
agendas estão paradas, mas sobretudo pelo risco iminente e praticamente certo
de que se isso vier a ocorrer, teremos retiradas de direitos já conquistados e
a implementação de uma agenda mais repressora que certamente desaguara em mais
crescentes números de violências e ataques aos direitos dessa comunidade.
Em anos, um 17 de maio foi visto
com tanta preocupação como esse de 2018.
Pelo direito de sermos quem
quisermos ser, como quisermos ser.
Pelo direito de viver num Brasil
onde a nossa forma de amar não possa ser o nosso maior risco de vida.
COORDENAÇÃO COMITÊ BRASILERIO
LGBTI DA ISP BRASIL.
Elaine Leoni – Sindicato do
Enfermeiros de São Paulo
Eurian Leite – FETAM/RN
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